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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

A quem me olhou...


( foto cedida gentilmente pelo amigo ALHenriques)

Já todos se foram
Fui chão que deu alegria
Fui acesa lareira
De tronco cortado
Colhido em Serra Penoita
Fiz festa...folia
Em mim choraram
Contaram histórias
Em mim se amaram
Fizeram pão
Criaram família
Desabafaram
Fui abrigo imponente
Sobre o vale verdejante
Restam-me as paredes
Soalho podre
Pedra lascada
Já se me foi o telhado
Sou agora o que me resta
Porta e janela aberta ao orvalho
Na calçada empoeirada
Da terra por mim tão amada
Poderia ser tanta coisa
Mas hoje...quem me olhou
Hoje...se desiludiu
Saudades do passado sentiu
Guardou-me no coração
Fotografou-me a ALMA
E partiu...

25.02.2009

1 comentário:

António Henriques disse...

No alto da penedia, tal quilha de navio rasgando o vento, com a sua escotilha escancarada e já sem coberta, permanece ancorada às memórias do passado, às palavras, e aos gestos dos que ali fizeram filhos e ali os pariram.

Agora?! Agora que todos partiram, permanece altiva e orgulhosa à espera do beijo da chuva ou do orvalho, do calor do sol e, na esperança que amanhã, novas almas ali queiram voltar a fazer filhos.

Se uma casa tiver alma, tu, com as tuas palavras, fotografaste-a!